Parece que os meus Natais estão destinados a terem este gostinho agridoce em cada rabanada...
Fui habituada toda a minha infância a ter Natais de sonho, com pais, irmãs, primos tios, avós, muita comida, muitos presentes e foi nessa bolha que vivi todos os Natais da minha infância e também toda a minha vida.
Não era possível coisas más me acontecerem, não foi para isso que tinha vindo ao mundo. Porque eu era especial.
Mesmo sendo das mais solidárias e com compaixão, sentia a dor dos outros, mas a minha nunca chegaria. Não era suposto e não era assim que estava escrito.
Acontece que a vida não e assim, e acabei por "ficar sem mãe" demasiado cedo, ela ainda tinha tanto para dar como mãe, como avó... E isso, mesmo nós não querendo marcou um fim de uma era. A era em que nada de mal me acontecia. Ou melhor, acontecia, mas superaríamos sempre. Individualmente ou em família.
Depois na mesma altura houve desentendimentos familiares que esses vieram marcar um ponto final no Natal como eu conhecia. Sempre achei que quando me juntasse, seria o meu parceiro a juntar-se ao Natal mais cool, o da minha família. Mas enganei-me, sou eu que sou adoptada com imenso amor pela família dele e dos poucos elementos que me restam do meu lado.
Está cada um no seu canto a curtir a sua fossa e a sua dor. Este ano, fui só um e o meu pai. Não imagino um Natal mais triste e mais desmoronado que este ano...